Muitos pais, procuram tratamento odontológico sob sedação para seus filhos, até mesmo sem indicações, acreditando ser a melhor opção, principalmente se o filho é tido como resistente, rebelde ou até mesmo ansioso. E por conta disso, acaba se comportando de forma inadequada no consultório odontológico.
Outra situação muito recorrente, é aquela onde os próprios pais já passaram por situações desagradáveis no dentista, e pensam em poupar o seu filho de uma experiência traumática.
Mas a verdade é que a sedação infantil na odontologia não é um assunto tão simples, como parece.
Pelo contrário, se não realizada de forma adequada e por um profissional experiente, pode ocasionar sérios riscos para a saúde da criança.
A sedação infantil não deve ser a primeira opção de tratamento, o ideal é que todas as opções sejam esgotadas antes de se pensar na sedação.
Geralmente, ela é indicada em casos de procedimentos cirúrgicos, ou procedimentos emergenciais que demandam um maior tempo de execução, e a criança está sob risco.
A sedação também pode ser uma alternativa para pacientes que não conseguem realizar o tratamento odontológico de outra forma, como por exemplo, os que apresentam algum comprometimento físico ou psicológico ou que têm fobia.
Mas este diagnóstico deve ser feito pelo profissional responsável, de preferência um odontopediatra que sabe manejar uma criança.
Importante ressaltar que este recurso não é indicado para crianças muito pequenas, com até três anos de idade. E até os seis anos de idade, aproximadamente, há um risco aumentado de efeitos adversos.
A sedação pode ser realizada de diferentes formas, seja por meio da ingestão de sedativo líquido, inalação de gás de óxido nitroso ou via intravenosa.
O mais comum no Brasil é a analgesia relativa e sedação consciente, com uso da mistura de óxido nitroso e oxigênio. É uma técnica de sedação que ocasiona uma diminuição mínima da consciência e não costuma apresentar riscos de efeitos adversos.
Isso porque a respiração do paciente é mantida por seus próprios meios e ele continua sendo capaz de responder aos estímulos físicos e verbais. O objetivo é provocar uma sensação momentânea de bem-estar e felicidade no paciente, sem tirar sua consciência, para que o tratamento seja realizado com mais facilidade. O grande problema de usar esta técnica em crianças imaturas, muito ansiosas e com dificuldades de comunicação, é que ela tem que aceitar a colocação de uma máscara no nariz, que é através dela que a criança aspira o gás.
Em casos de anestesia profunda ou geral, eu recomendo fortemente que seja realizada em ambiente hospitalar para evitar complicações. Apesar de não ser muito comum, os riscos existem e não podem ser ignorados.
A maior preocupação está relacionada à possibilidade de a criança acabar passando para um nível mais profundo de sedação. Se esta situação não for rapidamente identificada as vias áreas podem se obstruir e a criança ter uma parada cardiorrespiratória. As crianças de pouca idade , tem uma via aérea menor, e consequentemente não contam com uma reserva muito grande de oxigênio no sangue. Mas, de forma geral, não é preciso ter medo. E, se realizada da forma correta, a sedação é sim segura.
É importante que o profissional tenha uma formação específica para realização da sedação com óxido nitroso. No Brasil, inclusive, esta é uma exigência do Conselho Federal de Odontologia.
Além de ser capaz de escolher o tipo de sedação mais indicado para cada caso, o odontólogo precisa realizar o monitoramento da sedação adequadamente e, principalmente saber lidar com possíveis emergências.
O ideal é que um profissional qualificado, além do dentista, acompanhe todo o procedimento para acompanhar de perto o nível de pulso e oxigênio do paciente e, assim, evitar complicações.
Nos casos em que há indicação de sedação profunda ou de anestesia geral, a administração deve ser realizada por um anestesista qualificado, preferencialmente em ambiente hospitalar onde existe suporte para atender possíveis emergências, de forma rápida e eficaz.
Se o profissional dentista disser que seu filho precisa de uma sedação infantil na odontologia, primeiramente questione a real necessidade e tente entender o porquê desta indicação. Normalmente profissionais que não estão acostumados com o atendimento infantil é que indicam de forma aleatória este tipo de tratamento.
É importante conversar com um Odontopediatra para confirmar esta indicação e se realmente não existem outras alternativas de tratamento menos invasivas e arriscadas.
Gosto sempre de alertar que a prevenção é o melhor caminho para evitarmos este tipo de situação emergencial, obrigando as crianças a correrem este tipo de risco.
Não é novidade para ninguém que “prevenir é a melhor forma de remediar”. Por isso, o ideal é que os pais acompanhem de perto a escovação do bebê ou da criança, que tem um importante papel na saúde bucal.
Invistam nas consultas regulares com o Odontopediatra, para evitar o aparecimento de alterações orais, sobretudo as que demandam grandes intervenções de tratamento, mantendo a saúde bucal em dia.
O odontopediatra é o profissional especializado na prevenção, diagnóstico, tratamento e controle de problemas bucais em bebês, crianças e adolescentes. Portanto, não há ninguém melhor para atender este público.
Isso porque esse tipo de profissional costuma ter uma abordagem mais adequada com os pequenos, inclusive por meio de abordagens psicológicas e técnicas não farmacológicas de manejo do comportamento.
Não é à toa que o ambiente do consultório odontológico é todo adaptado para melhor receber seu público-alvo. Tudo é pensado de modo que a criança se sinta confortável e segura, com entretenimento específico para sua idade.
O profissional odontopediatra é treinado para conversar com a criança calmamente, controlando sua voz, utilizando o reforço positivo, demonstrando os materiais e instrumentais antes de usar na criança, com a ajuda de brinquedos e métodos de distração, ganhando primeiro a sua confiança.
Apesar de serem questões aparentemente simples, são condutas muito bem pensadas para fazer com que o bebê e a criança se sintam compreendidos, acolhidos e seguros, reduzindo ou até eliminando o medo e a ansiedade, resultando em um comportamento mais apropriado por conta da relação de confiança que foi aos poucos sendo construída.
Muitas vezes em meus atendimentos, os pais se surpreendem com o comportamento da criança, relatando que com outros profissionais não houve colaboração.
Portanto, esta é uma medida de prevenção muito importante para o seu filho!
Na primeira consulta com o Odontopediatra, que deve ser realizada no primeiro ano de vida do bebê, todas as orientações são transmitidas para que seu filho cresça com a saúde bucal em dia!