O meu bebê foi diagnosticado com língua presa. Preciso mesmo fazer a correção cirúrgica?

A anquiloglossia, nome técnico da língua presa, pode ser associada a dificuldades de amamentação e introdução alimentar, fala e desenvolvimento adequado da língua. Pode ter forte impacto no crescimento das arcadas dentárias e oclusão.

Os principais sinais do bebê com anquiloglossia durante a amamentação:

. Dor e desconforto da mãe insuportáveis;

. Mãe tomando galactogogos;

. Mamada ansiosa e pouco tempo de mamada;

. Fissuras mamárias, traumas mamilares, mamilos amassados ao final da mamada;

. Estalidos durante a mamada, intervalos pequenos entre as mamadas;

. Regorgita em grande quantidade e muitas vezes;

. Bebê perde peso ou não ganha o suficiente, sinais de não saciedade;

. Pega inadequada, dificuldade para manter a pega;

. Lábio inferior invertido;

. Bebê mama em tempo curto e se cansa;

. Gases, arrotos e cólicas (alta ingestão de ar)

É importante ressaltar que este diagnóstico deve ocorrer de forma multidisciplinar, em conjunto com uma fonoaudióloga especializada ou uma consultora de amamentação, para excluir outras causas da dificuldade, evitando uma cirurgia desnecessária.

E se a intervenção cirúrgica for necessária?

A primeira coisa que eu quero esclarecer é que não existe pique. Muitas pessoas tendem a minimizar este procedimento quando realizado em bebês recém nascidos.

A análise do tipo de freio, se é delgado ou espesso, norteia a escolha da técnica cirúrgica.

Existem várias técnicas para realizar a frenotomia lingual que se diferenciam quanto ao tempo operatório e na recuperação do pós-operatório, apresentando vantagens e desvantagens sobre cada técnica utilizada. É imprescindível que o profissional tenha conhecimento sobre as técnicas cirúrgicas específicas para cada caso.

E quais são as possibilidades de cirurgia?

. Cirurgia feita com laser de alta potência

. Cirurgia feita com bisturi elétrico

. Corte com tesoura ou bisturi tradicional

Todas elas necessitam de anestesia tópica, ou infiltrativa caso o freio seja bem espesso.

O procedimento na maior parte das vezes pode ser realizado no consultório, e o bebê é colocado imediatamente no peito da mãe para amamentar. O leite materno tem um poder de hemostasia, e com cinco minutos de mamada o sangue já estancou.

A frenotomia em bebês é uma técnica pouco invasiva, não necessita de pontos, e tem uma expectativa de dor pós-operatória muito leve.

Tenho muito carinho e amor em fazer este tipo de procedimento! Proporcionar ao bebê uma amamentação de qualidade e realizar o sonho da mãe é muito gratificante!

Mas este diagnóstico deve ser feito pelo profissional responsável, de preferência um odontopediatra que sabe manejar uma criança.

Importante ressaltar que este recurso não é indicado para crianças muito pequenas, com até três anos de idade. E até os seis anos de idade, aproximadamente, há um risco aumentado de efeitos adversos. 

A sedação pode ser realizada de diferentes formas, seja por meio da ingestão de sedativo líquido, inalação de gás de óxido nitroso ou via intravenosa.

O mais comum no Brasil é a analgesia relativa e sedação consciente, com uso da mistura de óxido nitroso e oxigênio. É uma técnica de sedação que ocasiona uma diminuição mínima da consciência e não costuma apresentar riscos de efeitos adversos.

Isso porque a respiração do paciente é mantida por seus próprios meios e ele continua sendo capaz de responder aos estímulos físicos e verbais. O objetivo é provocar uma sensação momentânea de bem-estar e felicidade no paciente, sem tirar sua consciência, para que o tratamento seja realizado com mais facilidade. O grande problema de usar esta técnica em crianças imaturas, muito ansiosas e com dificuldades de comunicação, é que ela tem que aceitar a colocação de uma máscara no nariz, que é através dela que a criança aspira o gás.

Em casos de anestesia profunda ou geral, eu recomendo fortemente que seja realizada em ambiente hospitalar para evitar complicações. Apesar de não ser muito comum, os riscos existem e não podem ser ignorados.

A maior preocupação está relacionada à possibilidade de a criança acabar passando para um nível mais profundo de sedação. Se esta situação não for rapidamente identificada as vias áreas podem se obstruir e a criança ter uma parada cardiorrespiratória. As crianças de pouca idade , tem uma via aérea menor, e consequentemente não contam com uma reserva muito grande de oxigênio no sangue. Mas, de forma geral, não é preciso ter medo. E, se realizada da forma correta, a sedação é sim segura.

É importante que o profissional tenha uma formação específica para realização da sedação com óxido nitroso. No Brasil, inclusive, esta é uma exigência do Conselho Federal de Odontologia.

Além de ser capaz de escolher o tipo de sedação mais indicado para cada caso, o odontólogo precisa realizar o monitoramento da sedação adequadamente e, principalmente saber lidar com possíveis emergências.

O ideal é que um profissional qualificado, além do dentista, acompanhe todo o procedimento para acompanhar de perto o nível de pulso e oxigênio do paciente e, assim, evitar complicações.

Nos casos em que há indicação de sedação profunda ou de anestesia geral, a administração deve ser realizada por um anestesista qualificado, preferencialmente em ambiente hospitalar onde existe suporte para atender possíveis emergências, de forma rápida e eficaz.

Se o profissional dentista disser que seu filho precisa de uma sedação infantil na odontologia, primeiramente questione a real necessidade e tente entender o porquê desta indicação. Normalmente profissionais que não estão acostumados com o atendimento infantil é que indicam de forma aleatória este tipo de tratamento.

É importante conversar com um Odontopediatra para confirmar esta indicação e se realmente não existem outras alternativas de tratamento menos invasivas e arriscadas.

Gosto sempre de alertar que a prevenção é o melhor caminho para evitarmos este tipo de situação emergencial, obrigando as  crianças a correrem este tipo de risco.

Não é novidade para ninguém que “prevenir é a melhor forma de remediar”. Por isso, o ideal é que os pais acompanhem de perto a escovação do bebê ou da criança, que tem um importante papel na saúde bucal.

Invistam nas consultas regulares com o Odontopediatra, para evitar o aparecimento de alterações orais, sobretudo as que demandam grandes intervenções de tratamento, mantendo a saúde bucal em dia.

O odontopediatra é o profissional especializado na prevenção, diagnóstico, tratamento e controle de problemas bucais em bebês, crianças e adolescentes. Portanto, não há ninguém melhor para atender este público.

Isso porque esse tipo de profissional costuma ter uma abordagem mais adequada com os pequenos, inclusive por meio de abordagens psicológicas e técnicas não farmacológicas de manejo do comportamento.

Não é à toa que o ambiente do consultório odontológico é todo adaptado para melhor receber seu público-alvo. Tudo é pensado de modo que a criança se sinta confortável e segura, com entretenimento específico para sua idade.

O profissional odontopediatra é treinado para conversar com a criança calmamente, controlando sua voz, utilizando o reforço positivo, demonstrando os materiais e instrumentais antes de usar na criança, com a ajuda de brinquedos e métodos de distração, ganhando primeiro a sua confiança.

Apesar de serem questões aparentemente simples, são condutas muito bem pensadas para fazer com que o bebê e a criança se sintam compreendidos, acolhidos e seguros, reduzindo ou até eliminando o medo e a ansiedade, resultando em um comportamento mais apropriado por conta da relação de confiança que foi aos poucos sendo construída.

Muitas vezes em meus atendimentos, os pais se surpreendem com o comportamento da criança, relatando que com outros profissionais não houve colaboração.

Portanto, esta é uma medida de prevenção muito importante para o seu filho!

Na primeira consulta com o Odontopediatra, que deve ser realizada no primeiro ano de vida do bebê, todas as orientações são transmitidas para que seu filho cresça com a saúde bucal em dia!